Slow content: desacelerando o conteúdo

Quem trabalha com marketing ou vendas, com certeza, já reparou que os consumidores estão ficando cada vez mais distraídos, ansiosos e impacientes. E as incertezas vividas nos últimos meses só fizeram com que esses sentimentos se agravassem. Também estamos atravessando uma época em que as atualizações on-line chegam desenfreadas e aos montes. 

Segundo a Visual Capitalist, no último ano o Facebook recebeu cerca de 150 mil novas fotos por minuto, assim como os stories do Instagram foram atualizados 300 mil vezes. Sem falarmos do WhatsApp, que transmite mais de 40 milhões de mensagens a cada 60 segundos. 

Ou seja, estamos mais do que conectados e a briga pela atenção de quem navega na internet fica cada vez mais acirrada. Em meio à disputa, quem cria os melhores conteúdos pode levar vantagem na hora em que o usuário faz uma pausa e decide interagir com alguma marca ou publicação. 

E aí que o slow content entra: será que a sua empresa está conseguindo chamar atenção?

O que é slow content?

Baseado no estilo de vida slow living, uma filosofia que prega a desaceleração das nossas vidas, o slow content surgiu como uma ideia para tornar os processos de produção de conteúdo mais fluidos, inspirados e orgânicos. Não é que o trabalho tenha que ser mais demorado — o ritmo não muda — mas as postagens devem valorizar a profundidade e a qualidade do que está sendo entregue.

Quem cria conteúdo, e digo por experiência própria, vive uma ansiedade de querer acompanhar todas as informações, novidades, memes e tendências da internet. Por outro lado, o consumidor está sendo, o tempo inteiro, bombardeado com notícias, metas no trabalho, boletos, prazos e produtos. E será que o melhor caminho para uma marca é, realmente, surfar em todas as ondas que quebram na praia? 

O slow content, então, chega para permitir que os produtores de conteúdo trabalhem melhor, em conteúdos mais aprofundados, humanizados, e que realmente sejam importantes para o público de cada segmento. Não apenas continuar no piloto automático, mas ter liberdade para pensar e criar com verdade.

Quais são os valores do slow content?

Como já falamos anteriormente, a briga por atenção está mais apertada a cada dia. São várias mídias sociais, influenciadores, desafios que viralizam, e muitas empresas entendem que é necessária a agressividade para atingir o público, mas os melhores resultados podem vir, justamente, para quem enxerga a situação de forma oposta. A ansiedade por ficar visível pode acabar gerando uma série de conteúdos rasos e repetitivos, publicações com as quais os seguidores não vão fazer questão de interagir.

O slow content, então, destaca dois pontos principais: como os usuários já estão viciados em posts rápidos e curtos, e como os produtores de conteúdo estão alimentando essa necessidade de publicar tudo para ontem. Até mesmo os algoritmos das plataformas já entendem como encontrar as informações falsas, priorizando aquelas que realmente tenham algo a acrescentar.

Por que vale a pena abraçar o slow content?

Não é tão simples adotar o slow content, até porque esse movimento varia bastante de uma marca para outra. Mas é possível, sim, adaptar essa liberdade de produção de conteúdo para o nosso dia a dia. Até mesmo um influenciador, por exemplo, pode escolher trabalhar com menos empresas, com as que façam mais sentido para o seu estilo de vida, e assim entregar conteúdos muito mais verdadeiros e que convertam.

Por isso, o slow content merece destaque por definir melhor quais canais vale a pena utilizar, criar uma conexão mais autêntica com a audiência, fortalecer a autoridade da marca e, é claro, entregar o que os usuários estão buscando com mais assertividade. 

Como produzir slow content?

Se eu disser que todos os conteúdos deverão ser produzidos assim, com profundidade e calma, estarei mentindo. Afinal, em vários momentos, as publicações rápidas e mais rasas são necessárias. Em uma Black Friday, por exemplo, são outros pontos que saltam aos olhos dos consumidores, e não a qualidade de uma conversa.

Portanto, o segredo do slow content está em equilibrar todos os tipos de publicações que uma marca entrega para seus clientes, sem ninguém se sentir entediado. E não há uma receitinha de bolo para isso, temos que analisar o comportamento da audiência, criar estratégias, pesquisar sobre diversos assuntos e, por fim, ter liberdade para criar e fazer o melhor a cada dia.

Algumas das principais características do movimento slow content são:

Conteúdos que contem uma história

Todos os dias, queremos atrair os olhares de nossos usuários. Para isso, usamos os mais variados tipos de chamadas, títulos, imagens e cores. Mas qual história cada empresa está, de fato, contando para seus consumidores? É aí que fica a base do relacionamento verdadeiro com cada seguidor.

Conteúdos que sejam bem pesquisados

Quando temos tempo, os conteúdos podem ser mais elaborados. Saímos da zona de conforto, nos envolvemos com os temas, pesquisamos, buscamos referências em outras culturas, opiniões diferentes e, por fim, criamos uma publicação muito mais aprofundada, que pode envolver várias pessoas. 

Conteúdos que entreguem valor

Esse é talvez o ponto principal do slow content. Estamos cada vez mais falando sobre valor, mas onde está esse valor? Muito do que encontramos na internet está banalizado, repetitivo, longe do que queremos alcançar. Precisamos refletir, todos os dias, o que torna o nosso conteúdo único, humano, criativo. 

E aqui não estou falando sobre deixar de lado as ferramentas que temos ao nosso alcance, mas sim aproveitá-las da melhor maneira possível. Trabalhar as estratégias de SEO, usar dados com embasamento, revisar tudo com antecedência e, por fim, ajustar o material ao que o público está procurando a cada momento. 

O slow content chegou, então, para nos lembrar que a verdadeira conexão é outra. Que a qualidade, desde uma publicação simples no Facebook até a entrega de um produto na casa do comprador, deve ser o nosso norte, uma prioridade. E você, como se enxerga em meio a tanta correria, cobranças e uma enxurrada de informações a cada minuto?

Por Natália Pioli

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